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05/11/2025
Aproximadamente 75% das crianças experimentam pelo menos um episódio significativo de dor de cabeça antes de completarem 15 anos. Esse sintoma representa uma das causas médicas mais frequentes de ausências escolares, exigindo atenção cuidadosa de famílias e educadores. Identificar corretamente a origem da dor de cabeça em crianças constitui desafio importante, pois o tratamento adequado previne prejuízos no rendimento escolar e no desenvolvimento geral.
Crianças pequenas enfrentam dificuldade especial para expressar desconfortos. Enquanto adultos conseguem descrever precisamente localização, intensidade e características da dor, os pequenos frequentemente demonstram apenas abatimento ou comportamento atípico. Essa limitação comunicativa exige que pais e cuidadores desenvolvam capacidade observacional aguçada para detectar sinais indiretos.
Recolhimento em ambientes com pouca luz sugere sensibilidade aumentada durante episódios dolorosos. Crianças que buscam quartos escuros ou evitam locais iluminados podem estar enfrentando cefaleia. Recusa repetida em frequentar a escola, especialmente quando acompanhada de queixas sobre dor na testa ou nas têmporas, merece investigação cuidadosa.
Olhos fundos, expressão facial tensa e postura curvada também funcionam como indicadores. Alterações no apetite, irritabilidade inexplicada e diminuição do interesse por brincadeiras habituais completam o quadro de sinais comportamentais. Pais atentos conseguem perceber essas mudanças sutis que antecedem ou acompanham os episódios de dor.
A enxaqueca infantil apresenta características distintas da manifestação adulta. Episódios duram geralmente entre 30 minutos e uma hora, com dor intensa frequentemente bilateral, afetando frente da cabeça e região temporal. Náuseas, vômitos, sensibilidade exacerbada à luz e aos sons acompanham comumente esses quadros. Diferentemente dos adultos, onde a enxaqueca costuma acometer apenas um lado da cabeça, crianças experimentam dor em ambos os lados.
"O histórico familiar de enxaqueca representa pista importante, já que a predisposição genética desempenha papel significativo no aparecimento desse tipo de dor de cabeça em crianças", afirma Cleunice Fernandes, coordenadora geral do Colégio Alternativo, em Sinop (MT).
A cefaleia tensional relaciona-se frequentemente com estresse, sobrecarga de atividades e preocupações escolares. Esse tipo manifesta-se como pressão ou aperto ao redor da cabeça, sem as características pulsáteis da enxaqueca. Ansiedade, excesso de tarefas e pressão por desempenho contribuem para seu surgimento, especialmente em crianças mais velhas e adolescentes.
Pediatras frequentemente solicitam que famílias mantenham diário detalhado das dores. Esse registro documenta frequência, duração, intensidade, horário dos episódios e circunstâncias associadas. Anotações sobre jejum prolongado, qualidade do sono, mudanças climáticas, exposição a barulhos intensos, tempo de uso de telas e alimentos consumidos fornecem informações valiosas.
Identificar gatilhos específicos auxilia enormemente o tratamento. Conservantes alimentares como glutamato monossódico e nitrato, presentes em diversos produtos industrializados, podem desencadear dores de cabeça em crianças sensíveis. Padrões recorrentes revelados pelo diário orientam médicos na escolha das intervenções mais apropriadas.
Quando a causa permanece obscura após avaliação pediátrica inicial, encaminhamento para especialistas torna-se necessário. Oftalmologistas avaliam problemas visuais que provocam cefaleia, enquanto neurologistas investigam questões mais complexas do sistema nervoso.
Problemas visuais como causa frequente
Hipermetropia significativa exige esforço visual constante para enxergar objetos próximos. Crianças com esse problema frequentemente desenvolvem dores de cabeça após períodos de leitura ou tarefas escolares prolongadas. A sobrecarga dos músculos oculares durante atividades que demandam foco próximo gera fadiga e desconforto progressivo.
Insuficiência de convergência representa outra condição oftalmológica relevante. Os olhos apresentam dificuldade para manter foco conjunto em objetos próximos, causando dor, visão embaçada, cansaço visual e até duplicação de palavras durante a leitura. Tratamento pode incluir prescrição de óculos ou exercícios oculares simples realizáveis em ambiente doméstico.
Infecções oculares e doenças inflamatórias constituem causas menos comuns, porém importantes de serem descartadas. Avaliação oftalmológica completa identifica essas condições e orienta o tratamento adequado.
Ansiedade, depressão e dificuldades comportamentais manifestam-se frequentemente através de sintomas físicos na infância. Dores de cabeça recorrentes sem causa orgânica evidente podem sinalizar sofrimento psíquico. Crianças enfrentando situações estressantes em casa ou na escola expressam tensão emocional através de queixas somáticas.
Cleunice Fernandes complementa: "Observar mudanças no comportamento geral da criança, como isolamento social, alterações no sono ou queda no desempenho escolar, ajuda a identificar quando fatores emocionais contribuem para as dores de cabeça".
Acompanhamento psicológico beneficia casos onde componente emocional mostra-se relevante. Terapias ajudam crianças a desenvolverem recursos para lidar com estresse, ansiedade e outras dificuldades emocionais, frequentemente reduzindo a frequência e intensidade das cefaleias.
Dores recorrentes que interferem significativamente nas atividades diárias merecem investigação aprofundada. Episódios acompanhados de febre persistente, alterações visuais, vômitos em jato ou mudanças marcantes no comportamento demandam atendimento médico imediato. Esses sintomas podem indicar condições mais sérias que requerem intervenção rápida.
Perda de coordenação motora, tontura intensa, fraqueza em membros ou alterações na fala associadas à dor de cabeça constituem sinais neurológicos preocupantes. Embora situações graves como tumores cerebrais sejam exceções raríssimas, condições como pseudotumor cerebral provocam aumento da pressão intracraniana e exigem tratamento específico.
Dor de cabeça que acorda a criança durante a noite ou se manifesta logo ao despertar pela manhã também merece atenção especial. Mudanças no padrão habitual de dores previamente controladas justificam reavaliação médica.
Evitar jejum prolongado previne muitos episódios de cefaleia infantil. Crianças devem realizar refeições regulares, mantendo intervalos adequados entre elas. Desidratação também desencadeia dores de cabeça, tornando fundamental garantir ingestão suficiente de água ao longo do dia.
Sono de qualidade representa fator protetor importante. Estabelecer rotina regular de horários para dormir e acordar, com duração adequada à faixa etária, reduz significativamente a frequência de dores de cabeça. Ambientes escuros, silenciosos e com temperatura confortável favorecem o descanso reparador.
Reduzir exposição excessiva a telas eletrônicas beneficia crianças propensas a cefaleia. Luminosidade artificial intensa e esforço visual prolongado contribuem para o surgimento de dores. Estabelecer limites de tempo para uso de dispositivos e garantir pausas frequentes protegem a saúde visual e previnem desconfortos.
Alimentação equilibrada, evitando produtos industrializados ricos em conservantes e aditivos químicos, contribui para diminuir gatilhos alimentares. Atividade física regular, tempo ao ar livre e momentos de lazer reduzem estresse e tensões acumuladas.
Quando necessário, medicação prescrita por médico controla episódios agudos. Tratamentos preventivos existem para casos mais complexos, sempre sob supervisão profissional. Abordagem multidisciplinar envolvendo pediatras, especialistas e, quando apropriado, psicólogos oferece melhores resultados no manejo de cefaleias infantis recorrentes.
Para saber mais sobre dor de cabeça, visite https://neurocop.com.br/blog/dor-de-cabeca-em-crianca/ e https://sbop.com.br/paciente/doenca/dor-de-cabeca-cefaleia-em-crianca/